Em meados de outubro de 2010 eu testei o primeiro Galaxy S, que foi lançado aqui no Brasil com TV Digital. Em agosto de 2011 testei o Galaxy S II pouco depois dele aparecer no país. Então quis testar o Galaxy S III assim que ele foi lançado no mercado brasileiro – isso me custou o iPhone 5 -, para saber em que pontos ele é melhor do que seus anteriores e a concorrência e também onde a Samsung ainda escorrega. E foi o que eu fiz.
A terceira geração do Galaxy S da Samsung vem com um processador quad-core de 1,4 GHz, tela de 4,8 polegadas de Super AMOLED e uma câmera de 8 megapixels, dentre outros componentes. E esse hardware poderoso acompanha a última versão do Android, o Ice Cream Sandwich. Passei uma semana com o Galaxy S III e você confere abaixo minhas impressões sobre ele.
Design e pegada
O slogan do Galaxy S III é “designed for humans”. Não sei que tipo de humano eles se basearam para criar esse modelo, mas eu chuto que deve ter sido um com a mão bem grande. A tela desse aparelho faz com que ele chegue perigosamente perto do campo de foblets, onde se encaixa o irmão maior Galaxy Note, mas ainda é pequeno o bastante para ser segurado com uma mão sem perder a firmeza.
O Galaxy S III é um aparelho que até achei bonito, apesar de ser apelidado de “saboneteira”. Mas o material de que ele é feito e o seu acabamento poderiam ser melhores.
Tela e interface
Suas generosas 4,8 polegadas de tela Super AMOLED com 1280×720 pixels de resolução fazem do Galaxy S III um excelente aparelho para assistir vídeos, navegar na web e, principalmente, jogar Fruit Ninja. A tela invariavelmente vai atrair marcas de dedos e a oleosidade do rosto se você faz muitas ligações, mas já é algo que estamos acostumados em aparelhos touchscreen. Também testei a tela abrindo uma página em branco tanto nele como num iPhone 4S, ambos com o brilho no máximo. E o Galaxy S III ficou com um estranho tom meio azulado.

Galaxy S III tem um branco mais azulado
O Android 4.0 Ice Cream Sandwich é bem escondido aqui pela Samsung com a interface TouchWiz Nature UX. A experiência pode não ser a do Android puro, mas não é necessariamente ruim. Ao longo dos anos a Samsung foi aperfeiçoando o TouchWiz com base no feedback (possivelmente, as várias reclamações) dos usuários e eu posso dizer que hoje ela atingiu um nível razoável.
Um bom exemplo disso é o conjunto de movimentos personalizados que o Galaxy S III tem. Levar o aparelho ao ouvido com uma SMS aberta, por exemplo, vai ligar para a pessoa que enviou a mensagem. Já cobrir a tela com a mão pausa qualquer conteúdo multimídia, assim como virar o aparelho de tela para baixo. Ou ainda capturar a tela deslizando a mão sobre o aparelho. São pequenos detalhes assim que podem fazer a interface personalizada ajudar mais do que atrapalhar o usuário.
Por sinal, o tema padrão aquático do Galaxy S III, em que a tela de desbloqueio mostra ondas quando o dedo desliza e faz sons de gotas d’água em qualquer botão. Depois de um tempo uma das duas coisas acontece: ou você se enjoa ou se acostuma com eles. A primeira opção foi o que aconteceu comigo, então deixei o aparelho constantemente no silencioso.
Sincronização e multimídia
O Galaxy S III é mais um dos aparelhos da Samsung compatível com o Kies, seu programa de sincronização. Mas dizer que esse aparelho quer roubar usuários do iPhone é subestimá-lo. Depois de instalado, o programa detecta automaticamente se você tiver um diretório com o iTunes e importa toda a sua coleção multimídia sem proteção DRM. Além disso (e essa é bem mais cara de pau), assim que um aparelho da Samsung é conectado o programa procura por um backup de iPhone e oferece a opção de automaticamente importar tudo para o celular.

E foi exatamente o que eu fiz para testar o Galaxy S III. A importação funcionou sem falhas (para o horror da Apple). Mas ele ainda tem que melhorar no que diz respeito à organização de arquivos dentro do aparelho. Embora o programa permita que sejam sincronizados podcasts, músicas, vídeos e filmes, ao enviá-los para o Galaxy S III, eles ficaram todos embutidos em uma só categoria. Não há um setor para podcasts ou um apenas para filmes. Por vezes, ao escolher a opção de tocar músicas no modo aleatório, um episódio de podcast aparece.
Tendo você escolhido o programa de sincronização da Samsung para importar seus arquivos de mídia ou optado pela rota mais arcaica de jogar os arquivos dentro do aparelho no modo de armazenamento, a experiência vai ser a mesma: rápida e bem fluída. Nas configurações é possível escolher um volume específico para mídia e outro para o toque, então você não precisa tirar o celular do silencioso para ouvir música no alto-falante. Mas por favor, não faça isso, ele é absurdamente potente.
Em suma, quem está comprando um Galaxy S III pelas suas funções multimídia não tem a menor chance de ficar desapontado. Mas se usar o Samsung Kies para transferir conteúdo, pode ficar um pouco perdido.
Câmeras
Os 8 megapixels do Galaxy S III vão ser mais que suficiente para a maioria dos seus usuários. Eu imagino que quem quer comprar um aparelho pela câmera já sabe que o Xperia S oferece 12,1 megapixels, por exemplo. E embora o mais novo Galaxy da Samsung continue não oferecendo um botão físico para a câmera, e isso seja bastante irritante, ele tenta compensar em software. O foco é regulável, existem vários modos de cena para escolher e até filtros embutidos na própria câmera.
Em termos de vídeo a qualidade é boa e sem muita granulação perceptível. Para um celular que grava em 1080p (fullHD), é uma qualidade decente, como você pode ver abaixo.
Conectividade, qualidade de chamada e acessórios
O aparelho é compatível com as redes HSPA+ das operadoras brasileiras, então se você contrata o plano 3GMax da Claro ou 3GPlus da Vivo, vai navegar à incrível velocidade de até 6 Mbps. Ok, não é muito, mas é o que tem para hoje no Brasil. Além disso, o aparelho também vem com suporte a DLNA, Bluetooth 4.0 (compatível com diversos acessórios), NFC e Wi-Fi Direct.
A qualidade de chamada é o que você já espera de um aparelho do cacife do Galaxy S III, um áudio nítido mesmo com o volume no médio e em uma região cheia de gente. Os fones de ouvido incluídos com o Galaxy S III provam que a Samsung tem ouvido (pun intended) reclamações dos seus clientes. Eles estão bem melhores desde o Galaxy S II e mesmo sendo intrauriculares, não incomodam tanto quanto antes. Os fones também ganharam um upgrade: os botões agora também pulam e pausam a música no lugar de apenas atender chamadas.
Aqui no Brasil a Samsung prometeu no lançamento vender uma case especificamente para esse modelo, além de cabos para conexão a TVs, canetas stylus, docks para carro e vários outros. Mas o mais interessante mesmo, o carregador sem fio, não tem data para chegar no mercado.
Aplicativos embutidos
Como não podia deixar de ser, o Galaxy S III vem com uma leva de aplicativos de utilidade duvidável. O ChatOn, serviço concorrente do Whatsapp, criado pela Samsung, não tem exatamente uma grande base de usuários para justificar seu uso. Mas também há um aplicativo de notas para desenhar e escrever lembretes, o de calendário e um para mostrar outros aplicativos e serviços da própria Samsung que podem ser instalados no aparelho. E foi uma boa a empresa ter embutido os demais nesse aplicativo no lugar de encher o aparelho de coisas potencialmente pouco úteis.
Outro aplicativo embutido no aparelho é o S Beam, que serve para transferir arquivos entre… usuários do Galaxy S III. É um público bem restrito, admito, mas não deixa de ser útil. Ele se conecta via NFC para reconhecimento mútuo dos aparelhos e faz a transferência de arquivos via Wi-Fi direct. Nos testes com um amigo, foi possível transferir fotos e vídeos de maneira bem rápida. Mas a quantidade de vezes que você vai usar isso dá para contar nos dedos.
O Android Beam também está embutido, no caso dos usuários desse aparelho encontrarem outro smartphone que não seja da Samsung e tenham a versão mais nova do Android.
S Voice
O conhecido assistente virtual da Samsung não iria chegar com o aparelho ao Brasil, por conta da falta do suporte ao português. Mas um dos nossos leitores que comprou o Galaxy S III afirmou que era possível baixá-lo direto do Samsung Apps, a loja própria da empresa, algo que nós confirmamos pouco depois. Ele é, portanto, bem fácil de instalar, tornando desnecessário o acesso root ou ativar a instalação a partir de fontes desconhecidas.

S Voice instalado no Galaxy S III
Usá-lo já são outros quinhentos. Compatível com inglês, espanhol e alguns outros idiomas, o S Voice teimava em não funcionar direito na maioria das vezes que testei, mostrando o conhecido “Network error”. E sim, a Samsung afirmou que ele ainda não está pronto para o Brasil, mas achei que seria bom mostrar ao menos como ele funciona no aparelho, já que isso é uma das suas principais características.
Quando funcionava, o S Voice fazia o que era proposto muito bem. Abrir aplicativos, criar rotas em direção a locais, desativar certos itens de conectividade, criar alarmes e pesquisar na web, dentre outras, foram tarefas executadas de forma bem rápida. Com o S Voice a Samsung criou um bom concorrente ao Siri, mas é uma pena que usuários do aparelho no Brasil (que não estão bem informados) vão ficar sem experimentar essa funcionalidade mesmo que em outro idioma.
Bateria
O conjunto de tela enorme e processador quad-core pode gastar bastante energia, mas a Samsung conseguiu fazer com que a bateria acompanhasse esse hardware. Com uso moderado, que inclui navegação esporádica na web via 3G e WiFi por um total de 2 horas, 1 hora de vídeo no Netflix, playback de 2 vídeos de 40 minutos em 480p e 30 minutos de jogos, a bateria chegou a 21%. Com uso intenso, com 3 horas de navegação web, 2 horas de vídeo no Netflix, 1 vídeo de 40 minutos em 720p e 1 hora de jogatina, 15% de bateria restavam. E ele ainda dispõe de uma opção para economizar bateria em casos extremos.
Os dois exemplos de autonomia que citei acima podem ser bem razoáveis para o que o Galaxy S III oferece, mas o que me impressionou mesmo foi que ele consegue durar mais de um dia com o meu uso normal de um final de semana. Ao todo, ele durou 23 horas antes de pedir arrego com 15% de bateria. E tudo o que fiz foi desconectá-lo da tomada de manhã, colocar no bolso e fazer com ele tudo o que faria com o iPhone, que inclui conferir redes sociais esporadicamente. Só notei que ele havia chegado aos 15% na manhã seguinte. Veja aqui a captura de tela desse ciclo da bateria.
Pontos negativos
- S Voice ainda não funciona no Brasil;
- Versão branca tem acabamento que parece barato;
- Aplicativo de sincronização ainda não é ideal.
Pontos positivos
- Processador rápido que deixa a interface fluída;
- Bateria duradoura;
- Expansão por microSD.
Conclusão
Não há dúvidas, o Galaxy S III da Samsung é o melhor celular com Android do mercado brasileiro. Embora alguns aparelhos vendidos por aqui tenham planejada uma atualização para o Android Ice Cream Sandwich e só então fiquem ao mesmo nível dele, não há um que ofereça performance comparável no conjunto processamento, bateria e tela.
Um deles é o Xperia S, que se viesse com o Android 4.0 competiria bem ao menos na câmera, embora a falha dos botões pouco sensíveis ainda seja uma grande desvantagem. Lá fora, o HTC One X até bate de frente com o S III, mas já sabemos que ele não vai mais vir ao Brasil mais. O Optimus 4X HD da LG também tem potencial, mas não sabemos se ou quando chega ao país. E quem quiser um conjunto de tela, bateria e processador um pouco menos poderoso mas com a experiência Android pura, já sabe que o Galaxy X (Nexus) existe e está à venda há algum tempo.
O problema é que ter o melhor Android do mercado brasileiro custa caro. Por R$ 2,1 mil na sua edição de 16 GB, o Galaxy S III parece ser um aparelho perfeito para atrelar clientes de operadoras a contratos de 1 ano e caros planos mensais. E embora a empresa já tenha dito que planeja montá-lo aqui (e a montagem já está acontecendo), não há uma data para quando os preços devem cair.
O Galaxy S III vale a pena, então, para quem não se importa em pagar caro pelo melhor. Ou para aqueles que querem migrar de outra plataforma móvel e ver o que o Android tem a oferecer em conjunto com o hardware do Galaxy S III, que não é pouco. Mas ele ainda não justifica o upgrade os donos do Galaxy S II, principalmente com a atualização para o Android 4.0 chegando aí. Talvez com o suporte em português ao S Voice ele passe a valer a pena, mas é melhor esperar nesse caso.
Um conselho final que dou àqueles que decidirem comprar esse aparelho: garimpem em lojas por qualquer versão que não seja a branca. Se essa for a sua única escolha, já se prepare mentalmente para os inevitáveis arranhões que vão aparecer na traseira do seu Galaxy S III.

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